Por Aline Bomfim,
Qual foi o último produto ou serviço que você comprou com base na opinião de outra pessoa? Talvez tenha sido algo comum como o seu shampoo, ou quem sabe, você comprou aquele tênis incrível só porque seu amigo falou dele. Pois é! Nem sempre compramos por necessidade. Aliás, quase sempre usamos alguns produtos para experimentar, ou porque o nosso ídolo usa, e não, necessariamente porque precisamos deles.
E hoje eu tenho uma notícia para você meu amigo(a): atualmente existem forças agindo no campo do invisível para fazer você comprar, comprar e comprar, muitas vezes disfarçada de indicação da melhor amiga. E faz a gente pensar: até que ponto a inveja e a construção do status são usados como estratégia de marketing para conquistar vendas e fidelizar clientes?
Para ilustrar muito bem esse cenário, deixo aqui uma dica de filme, chamado "Amor por Contrato" (título original "The Joneses"), do diretor Derrick Borte. O filme faz um questionamento bem interessante a respeito do consumo, da relação do consumidor com as marcas e os exageros da sociedade contemporânea. “Amor por Contrato” retrata a vida perfeita da família Jones: Steve (David Duchovny), sua esposa Kate (Demi Moore) e seus filhos Mick (Ben Hollingsworth) e Jenn (Amber Heard) são pessoas ricas, bonitas, populares e que possuem uma casa luxuosa repleta de produtos e equipamentos de ponta, que acabam provocando a cobiça. Em consequência da vida perfeita chamam a atenção dos vizinhos ricos e se mostram ótimos "formadores de opinião" influenciando na escolha das pessoas. Mas o que ninguém sabe, é que eles são contratados especialmente pra isso. Como funcionários da empresa LifeImage, formam a mais nova estratégia de marketing da empresa, que consiste em inserir famílias em mercados de luxo de forma a dar vida aos seus produtos. Porém, as coisas começam a sair do controle quando a família começa a ter problemas de verdade.
"Amor por contrato" se passa numa comunidade rica dos EUA, mas pode refletir muito bem o quanto nós consumidores, de qualquer poder aquisitivo, buscamos a felicidade através do status por meio de bens de consumo como carros, roupas, celulares, e outros produtos. E atualmente, as empresas não propiciam apenas produtos e serviços palpáveis, mas vendem estilos de vida e atitudes.
Estratégias como essa, podem parecer fora do comum para algumas pessoas, e até se mostram bastante antiéticas, mas para determinadas empresas, vale tudo para dar visibilidade a um produto ou marca. Você já deve ter ouvido falar de empresas que contratam atores para falarem bem de seus produtos, e que pagam pessoas com uma legião de fãs para testarem seus produtos (como por exemplo, as famosas blogueiras de moda da atualidade). E existem estratégias bem mais complexas que envolvem o chamado Marketing Oculto (ou marketing disfarçado, furtivo, invisível).
Mas, antes que você entre em pânico, vou explicar rapidamente o que é o Marketing Oculto. Considerada como uma nova técnica de propaganda ela se faz, basicamente, pelo boca a boca ou indicação. Entretanto o agente de vendas nunca se identifica como tal. Como foi dito anteriormente, é um tipo de marketing que fala no ouvido de um público pré-selecionado sem revelar necessariamente que se trata de propaganda. É como um conselho de amiga para usar determinada marca. Tudo isso faz com que pensemos o quanto a propaganda tem mudado ao longo da sua existência. Não à toa, nos últimos anos tem se falado muito a respeito do marketing viral (ou buzz marketing) que consiste na intensão de encorajar pessoas a repassar uma mensagem mercadológica (muito do que acontece hoje com as redes sociais).
A Revista Super Interessante publicou em 2012 uma matéria sobre um experimento de Martin Lindstrom, autor de Brandwashed - Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy, que é basicamente o que ocorre no filme. Do tipo reality show, o teste também colocou uma família perfeita numa vizinhança de classe alta na Califórnia para fazer propaganda disfarçada. Durante 4 meses o protótipo de família testou estratégias de venda com as pessoas, se mostrando um "experimento social" para testar o poder de influência da propaganda.
Para algumas entidades, como a ONG Public Citizens Commercial Alert, dedicada a investigar abusos de propaganda e marketing nos EUA, o Marketing Oculto é pura enganação. Pois quando você imagina estar falando com uma pessoa comum descobre que na verdade ela é um ator disfarçado para induzir à compra. O assunto em si, dá "muito pano para a manga", e passa por diversos assuntos que rodeiam a nossa sociedade como educação e poder de consumo.Vale lembrar que nenhuma marca OBRIGA ninguém a comprar nada!
A maioria das pessoas está acostumada com os tipos já conhecidos de publicidade, e ainda assim já ficam incomodados com o excesso desse bombardeio de informação. Com certeza, esse tipo de propaganda se torna motivo de discussão. É importante analisar que a influências dessas estratégias também têm limites, pois elas findam quando o cliente simplesmente não compra o produto. É um desafio para as marcas, um exercício para os publicitários e gestores de marketing, e uma questão importante para os consumidores.
Ficou com gostinho de “quero mais”? Então veja o trailler do filme:
Fonte:
Revista Super Interessante: http://super.abril.com.br/cotidiano/entenda-como-funciona-marketing-propaganda-invisivel-677779.shtml
Aline Bomfim é aluna do 4ª semestre do curso de Publicidade e Propaganda do FIAMFAAM Centro Universitário, campus Vergueiro. No Blog SP FIAM faz entrevistas e aborda conteúdos sobre eventos e cursos que contribuam para a formação profissional em Publicidade e Propaganda.